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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
A natureza terrena e a natureza humana no discurso homofóbico.
É curioso que se use dois pesos e duas medidas num discurso homofóbico (http://spedeus.blogspot.com/2011/02/etica-bestial-pe-goncalo-portocarrero.html). Se por um lado se afirma que a homossexualidade é "contra-natura", quando se evidenciam estes comportamentos na fauna já se trata de «Legitimar o que é instintivo e animal, à conta de que é natural» e «renunciar à dignidade da criatura racional e rebaixar o homem à sua condição animal». Ora que lufada de ar fresco! Até agora parecia que o córtex humano não servia para nada e de facto o homem devia limitar-se a imitar o que é "natural". O natural só é natural quando nos convém. Como estou tão farto de ouvir fundamentalistas a falar na funcionalidade biológica do binómio homem-mulher pensava que, ao resumir as relações humanas apenas ao acto sexual, que não houvesse socialização, afectos e processos cognitivos mais complexos. O coito, antes de Vaticano II, era só para fazer filhos. Como alguns animais não parecem conhecer esta "lei natural" parece que afinal os seres humanos não inventaram essa extravagância de relações amorosas entre o mesmo sexo e que a natureza não criou excepções.
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