domingo, 13 de julho de 2008

Lei da Memória

Fernando Rosas, professor catedrático na FCSH, uma das maiores autoridades históricas do Estado Novo, tem também um pequeno defeito. Uma mácula no seu currículo. É um Trotskyista radical.



O debate sobre a criação do museu Salazar dividiu esquerda e direita na Assembleia como seria de esperar.

Mas para qualquer pessoa comum é difícil compreender as razões apresentadas por Fernando Rosas. O espólio museológico é insuficiente ? Tornar-se-ia um santuário obsoleto para a extrema-direita ?

Já tive oportunidade de afirmar no Fórum Nacional (sim já frequentei esse antro de radicais) e posso dizê-lo de novo. Ninguém tinha ouvido falar de Santa Comba Dão até surgir o ditador. A terra, goste-se ou não, ficou inevitavelmente ligada a Salazar e está no seu direito que, com o consentimento dos herdeiros actuais, a autarquia decida explorar o potencial museológico deste espólio pessoal doado, para seu benefício.

Santuários para a extrema-direita existirão sempre, lembro-me da peregrinação ao túmulo de Salazar, um evento macabro mas que já mereceu lugar nos noticiários.

É ingénuo pensar que o efeito de criar tal museu seria de dissuadir as gentes locais de nutrirem sentimentos democráticos. Está-se a colocar intenções no acto onde não as há. Será que todos os que visitam o palácio da Ajuda são monárquicos ? Quem me dera ! Será que uma exposição de Saramago é só para comunistas ?

Agora a verdadeira cereja no bolo. Uma Lei da Memória. Para que as pessoas nunca se esqueçam. Faz-me lembrar aqueles Ministérios da Informação existentes nos países de terceiro mundo. A informação é fornecida por órgãos institucionais para que esta não seja "alterada", não vá uma pessoa mais incauta perceber que o Estado Novo beneficiou de períodos de apoio popular ou que o presidente do conselho tenha feito alguma coisa de bom para o país.

Quando a história é contada de uma perspectiva maniqueísta das duas uma: ou é ensinada a crianças ou destina-se a manipular as pessoas.

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